Como em suspense passando por um tunel
entre dois pensamentos conflitantes,
angustia, desespero, medo, ansiedade,
olhando de fora o choque que se formava
absorvi a brisa de calma antes da forte tempestade.
E acalorada tirei a blusa, o shorts, a calcinha,
a vergonha, a lembrança, a obrigação,
o respeito, o conceito, as leis e normas,
a mesquinhez comigo mesma,
tirei todos, todas as vozes, todas as formas.
Tirei minha mãe do meu coração
e a deixei se afogar no rio,
tirei meu marido da lembrança
e deixei ele seguir seu caminho,
tirei meu filho dos soluços de saudade
e deixei ele se perder no esquecimento.
Fiquei tão nua que comecei a brilhar,
como os raios de sol
quando conseguem
transpassar a mata densa,
como uma idéia brilhante
que passa pela minha mente
mas não consigo agarrar.
Então entrei no silêncio
em meio a cacofonia do mundo,
pequenas imagens voando
a minha frente
sendo sugadas por um grande buraco negro.
E me joguei,
de olhos fechados, nua, sorrindo,
girando, quebrando, despedaçando, dançando,
em paz.
San, 03/03/13