segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Em mim



Não venha mais até mim,
fique desatento,
não ouça meus lamentos,
não responda minhas indagações,
não traga soluções.

Todo seu cuidado,
apoio, atenção especial
fez a crença que existimos
em diferentes lados,
distantes e separados.

Exista em mim 
como um músculo do meu corpo,
uma pontada, contração,
as rugas do rosto,
seja meu coração.



San, 03/10/11

MEDITAÇÃO



Ouço o que meu corpo declara
nesse silêncio quase uterino

Flutuo na musica
que não se quebra,
prolonga, avança, encerra,
tudo é mutismo profundo

E de repente
sou arremessada
a um imenso espaço aberto, 
claro, arejado, tranquilo

Como o corte do cordão umbilical
sinto a dor do desprendimento

A vida começa outra vez.



San, 10/10/2011

R.etrato I.mprovavel P.essoal


Esta é a unica certeza:
Irei morrer,
todos morrerão.

Mas essa dita
não é para lhe causar medo 
ou transtornar seu coração,
longe disso.

Somente abro
com o mais provável
para lhe deixar meu pedido:
VIVA A VIDA!

Nem tão breve,
nem tão difícil,
nem sempre bonita,
as vezes complicada ou misteriosa,
cheia de prazeres que passam
e precisamos ir em busca
de muitos outros.

VIVA A VIDA!

Não use soutien,
abandone o calendário,
limpe a boca na manga da camisa,
faça as palavras descruzadas,
invente o riso,
desarme o "preciso...",
escolha sua mãe por votação.

Sua história não será lembrada,
e na família outra bonita sera escrita,
e assim de tantos mais 
um se foi,
incontáveis senhores poderosos.

Esta é a unica certeza:
VIVA A VIDA !



San, 07/10/11

X + Y = 1/2



Estou apenas 
a duas letras
do seu amor.

E fanática 
eu reescrevo
nossa história
até que ela possa
ser tão completa
que eu mesma acredite
na sua possibilidade.

Tenho saudades
dos tempos cheios de aflição,
tardes construídas de desejos,
noites de insonia e medo.

Ganhei a paz
dos solitários,
o silêncio dos desamados,
a perfeição do corpo 
sem movimento.



San, 10/10/2011

Belém



Vou levando e sendo levada
em fé amada apertada corda
seguindo aqueles que aqui estão.


Em todos a humanidade frágil
lagrimas desmaios cantos saudações
e no calmo rosto envolto em flores
contrastes do amor e da ilusão.


Não vim aqui negar aquilo que se avoluma
vim seguir aquilo que já me toma
não sairei daqui por acreditar no medo
estou aqui para resgatar o primitivo Ser.

Aperta a mão na corda,
a corda não mão,
um corpo no corpo da frente,
seguindo, vendo, sentindo, lento,
em Nazaré tem redenção.





San, 10/10/11