sábado, 23 de março de 2013

Páginas em branco


Tão quieta fico
para captar sua voz em sussurro,
sua voz que atravessa portais da alma,
profundos, cacofônicos,
luminosos
e doloridos mundos.

Noite e dia em campana
cansada, ansiosa, muda, esqualida,
espero estupefatas palavras 
que saltam, correm, gritam
se abraçando em extravagantes frases.

Assim dias atravesso
envolvida pelo seu élan, tônus, sopro da vida,
tomando como meu os seus mistérios,
força vital que reergue
o espirito desalinhado pelo tempo duro.

E então rendida pelo corpo
em seu cansaço,
adormeço envolvida pelo espanto,
perco sua voz, direção, motivo,
passagem,
acordando em minha própria realidade,
páginas em branco.


San, 23/03/13