quarta-feira, 6 de março de 2013

NINA


O tempo passou mas meu amor não,
e eu te amo como nas primeiras horas
em que você chegou em casa,
e foi saltitando para a minha cama,
aquela cama que não conhecia
mas já sabia que seria também sua.

Você era magrinha,
fraca,
marcada pela rua,
bem feia na verdade,
mas virou a minha feia,
a feia que eu quero perto de mim,
a feia que eu ainda tenho aqui,
para toda sua vida.

Passamos coisas inacreditaveis juntas.

Lembra da minha quimioterapia?

Claro que não se lembra,
cachorro vive um dia por vez.

Mas eu me lembro,
na primeira
eu vomitei em você
correndo para o banheiro,
não deu tempo,
e eu lhe batizei
em-nome-da-santa-quimica.

Sinceramente tive medo
de morrer antes de você,
tive medo de voce
ter que enfrentar a velhice
novamente na rua.

Mas me curei
e invento loucas estórias
que foi pelas suas preces
ao buda da medicina canina,
sua magia animal.
seu amor maior que o mundo.

Quando você chegou até mim
só tinha uma outra para dividir
o espaço, a ração, os carinhos,
agora já são nove,
e eu peço desculpas por isso,
pela casa estar essa balburdia
de latidos e agitação.

Mas vejo que realmente não se importa,
você aproveita a vida
no que ela tem de bom
não no que ela poderia ter além disso,
isso eu aprendi com você
prometo que nunca me esquecerei.

E de manhã cedo
quando tenho que tira-la da cama,
naquela preguiça
de cão velho,
eu sinto que vivemos
tantas maravilhas juntas,
eu me sinto melhor,
bem melhor,
por estar com você.


San, 06/03/13