Quero meu direito
de ficar infeliz,
de reclamar,
me sentir uma merda,
chorar até cansar,
cansar de chorar.
Exigo meu direito
de não acreditar em alma gemea,
não me confortar com Deus,
bondade do mundo,
amor de amigos,
capacidade de mudar,
esperança no amanhã,
nada dessas porcarias otimistas.
Quero exercer livremente
meu direito de ser pessimista,
empata foda,
estraga festa,
nuvem negra,
vento frio.
O direito de não amar,
não compreender nada,
não perdoar,
não ser superior.
Quero meu direito a boçalidade,
a precariedade,
a apontar o dedo,
espetar o bonequinho,
ao bate boca desnecessário,
meu direito a deixar de existir.
San, 02/03/13