terça-feira, 16 de agosto de 2011

Na praça vazia


Eu vivo das suas migalhas,
mas não lhe dei permissão 
para surrar minha alma,
respeite minha dor limitação.

Eu não sou seu escravo,
e nem ao menos vou agradecer
por estar assim tão cheio de vontade
de me afastar das minhas imundices.

A rua é bem publico
e venho a rua para lhe dizer
que não sou seu farrapo,
nem fui feito para lhe dar prazer.

Eu vivo das sobras do mundo,
desse mundo que tanto sobra quanto falta,
sou eu que escolho alimentar primeiro
as ilusões ou as necessidades.

Eu não sou seu amigo,
e não vou me emocionar
por você estar assim tão determinado,
e me afastar das coisas 
que preciso para viver.

Eu não fiz esse filho,
eu não vim deste pai,
mas somos a mesma família,
do mesmo gênero,
você me engana sempre
e eu aceito o engano que me dá.

Eu vivo das suas migalhas,
da sua admiração ou nojo,
eu sou o prêmio pomposo,
eu sou o buraco sem fundo.



San, 07/07/07