tem seu dia de moleque,
de gazeteiro, surfista,
dia do saco cheio,
ficar simplesmente
olhando as pessoas
que passam.
Acho que já existiu um tempo
em que grandes ocupações,
de amplo alcance,
eram vistas como uma imensa
e prazerosa oportunidade,
não tinham o peso atual.
Hoje para fazer a mesma coisa
esticamos a língua no chão
de tão estafados,
como um estranho aumento
da gravidade,
tudo se tornou muito sério.
É muito estranho hoje
imaginar um gênio livre
de fobias, medicamentos,
contratos, currículo,
lista de estudos a publicar,
metas de ascensão social.
É tão dificil imaginar
simplesmente ali,
solto, leve,
assim na praia,
como quem começa o dia
sossegadamente,
cheio de prazer
pelo seu próprio mundo.
San, 30/08/11