Eu devo a minha alma o que eu sou,
todas as insuportáveis partes de mim mesma,
aquelas que nem mesmo eu conheço,
aquelas em que pressinto algum apreço.
E nessa vida esfacelada em que vivo
em que mente e coração não se entendem,
busco respostas para perguntas que estão caladas,
em corpo tenho sido nada vezes nada
em mente me sinto tudo menos tudo.
Queria construir outra vida,
a imagino, desejo, planejo, nunca executo,
tenho medo do que precisarei negar por essa troca,
tenho receio de pagar tão alto preço.
Então me sento todas noites após a janta
sorrateiramente jogando dados com a morte,
tem noites que ela ganha mas não me leva,
tem noites que eu ganho mas não vivo.
San, 14/05/2015