De repente cercado pelo grande nada,
o último ser inteiro do planeta,
ainda sem a percepção que é
o grande Adão, a grande Eva,
mergulhado na inconsciência
da material consistência.
Tão estrategicamente colocado
que poderia ser uma imagem de cartão postal,
nada além de uma antiga lembrança,
das viagens interplanetárias
de um outro ser de suprema consciência.
Soltos,
fomos semeados aqui,
deixados para crescer a própria sorte,
como plantas que depois serão avaliadas
bondosas e uteis ervas ou daninhas.
Nesse solo que parece a muito abandonado,
crescem entremeados ao medo e insegurança,
enrodilhados ao desejo e angústia,
apartados e cegos ao conhecimento
da sua função e força interior.
Então numa noite tranquila
todas as estrelas somem do firmamento
como luzes que se apagam ao amanhecer,
nenhuma palavra, grito, suspiro, respiração, choro,
tal como imagem de areia que é soprada pelo vento
tudo se desvanece.
Novos mundos a criar,
outras experimentos a fazer.
San, 01/05/2015
