Quero deixar para trás a casca,
com seu astigmatismo social,
sua nevralgia filosófica,
sua porosidade mental,
e hemorragia emocional.
Abandona-la em meio ao nada,
desmemoriada, despossuída,
enfim liberta desta incerta e insana
figura de linguagem,
grandiloquente porcaria.
Livre para não ser
aquilo que não sou,
para ser aquilo
que não fui,
para ter aquilo
que não conheço,
para abandonar aquilo
que não tenho.
Sem esperanças
ou expectativas,
sem métrica,
planos,
espaço reduzido,
novamente vivendo
sem danos,
apenas respirando,
apenas respirando.
San, 02/03/2015