domingo, 15 de março de 2015

Samatha


Quero deixar para trás a casca,
com seu astigmatismo social,
sua nevralgia filosófica,
sua porosidade mental,
e hemorragia emocional.

Abandona-la em meio ao nada,
desmemoriada, despossuída,
enfim liberta desta incerta e insana 
figura de linguagem,
grandiloquente porcaria.

Livre para não ser 
aquilo que não sou,
para ser aquilo 
que não fui,
para ter aquilo 
que não conheço,
para abandonar aquilo 
que não tenho.

Sem esperanças
ou expectativas,
sem métrica,
planos,
espaço reduzido,
novamente vivendo 
sem danos,
apenas respirando,
apenas respirando.



San, 02/03/2015