Me reparto
como um parto,
quebrando as costelas
e saindo pela boca
um grito congelado
parado na eternidade.
Sim,
sinto saudades do tempo
em que tudo tinha nome,
valor, direção, função,
especificidade,
até mesmo eu.
Agora sou névoa,
difusa,
a mente bipartida,
conspurcada,
o medo pegajoso.
Sou doença
que se sente
mas não se vê,
que é de dentro
causada pelo
que é de fora,
um alien que cresce
entre camadas.
San, 02/02/2015