sábado, 21 de março de 2015

Perdido



De manhã
você abre as cortinas
e suavemente
me convida 
a estar presente.

Me perdi tão longe
e a tanto tempo
que já não me espanto
com as coisas 
estupidas do mundo.

Você me oferece
aconchego,
um sorriso,
um porto seguro,
mas eu ainda tateio 
no escuro,
assombrado
pelos meus medos.

Me perdi tão longe
e a tanto tempo
que já não sinto prazer
com as coisas tolas do mundo.

Ao entardecer
você arruma meu quarto
espalha antigos retratos
tentando me fazer inteiro.

Me perdi tão longe
e a tanto tempo
que já não lamento
as coisas que eu não encontro.



San, 20/03/2015