quinta-feira, 12 de março de 2015

Durante a noite



Eu fui crescendo
enquanto você dormia,
e nunca lhe encontrei
nessas brechas da vida,
sempre tão ocupado
você quase não existia.

Pai não quero dinheiro,
sei que isso é aquilo
que nos separa,
e que me compra sapatos
para ir a lugares sozinha,
ir a festas que nunca lhe encontro,
para ter esse conforto
que me confronta sua ausência,
persistente.

Pai, estou apenas carente,
e não é de presente,
como posso crescer sem realmente 
enxergar você,
conhecer você,
superar você,
entender você,
perdoar você,
cantar para você
todas as musicas que fiz 
no meu quarto 
em todas as noites
em tantas noites
que nem sei,
é tanto tempo
que já contei
os espaços em brancos,
essas lacunas
do seu amor.

Quero abrir uma fenda no tempo
em que possa passar meus braços
e te alcançar num abraço
onde estiver,
mesmo sem saber,
onde estiver.
mesmo sem sentir,
onde estiver,
apenas porque precisamos.


San, 12/03/2015