Estive em muitos lugares feios
para provocar sofrimento
em meu corpo,
e provar que mereço
o desamor que você me deu,
e provar que não mereço
as coisas belas e limpas
do mundo.
Eu me julguei muitas vezes,
e me castiguei todos os dias,
encarcerada, faminta, solitária,
insone, desesperada, em panico,
atormentada por coisas
que aceitei como verdade,
coisas que me dizia,
coisas sujas que afirmava,
coisas da sua imaginação.
Então um dia encontrei o martelo,
perdido no meio
daquele amontoado de coisas,
e encontrei a força que desconhecia,
a força que não vinha da dor,
ou da vergonha, ignorância, medo,
crueldade, raiva, separação,
a força que vinha do sopro
de tantos outros,
aqueles que agora eram apenas espectros,
fantasmas famintos que você criou.
A força fez seu movimento,
o martelo teve sua função,
ao fundo uma marcha heroica,
reconquistei meu paraíso.
San, 23/03/2015