sexta-feira, 6 de novembro de 2015

D. Existir


Me encolho de frio
deitada sobre o tapete velho

Mesmo sem sua presença
não me levanto

Tenho medo dos seus olhos maus
que me vigiam
espalhados pela casa
desejosos da minha punição
excitados pela recompensa

Não sei o que fiz de tão ruim
além de ter nascido de você

Não sei o que posso fazer
para consertar 
tal fato irrevogável

Quase como um feto
boio agora no tapete mofado
rezando pelo momento
de não mais existir





San, 21/02/1971