Estou nessa curva longa
a mais de 29 anos,
esperando encontrar
seu olhos risonhos,
desejando lhe tocar
mesmo que por poucos
segundos.
Não aceito
que outro alguém entenda,
essa dor vive represada,
tenho medo de abrir
as comportas,
e ser levada para algum
reino tão longe
que não consiga
mais voltar.
Com mãos firmes
eu seguro a direção
e vou virando mais um pouco
e seguindo em frente,
talvez tenha ali algo seu,
e talvez possamos criar
algo nosso,
nesse espaço diminuto
nesse espaço minuto,
nesse espaço nulo
que virou
meu coração.
Como deixar de amar
alguém tão brilhante?
Como deixar de amar
alguém tão importante?
Como deixar de amar
alguém sem pecados,
sem passado,
sem desejos
não realizados?
Agora essa curva é minha vida,
e os meus braços sustentam
essa viagem longa,
as vezes meus olhos se cansam,
preciso lhe contar
as vezes eu durmo
mas você nunca me visita,
nunca me procura,
nunca me acusa,
nunca me pede nada,
nunca me diz
suas coordenadas.
San, 11/04/2015