Quando todos pedaços de dor
vão se fundindo
criam uma arma
como uma navalha
ou um machado
que lhe fere constante
de dentro para fora.
E um dia algo se rompe
para que todas as porcarias
sejam arremessadas para fora.
Tenho medo
de me libertar
e depois não conseguir
encontrar os pedaços
ainda não contaminados.
Creio que a guerra
é a catarse de um povo,
que todos os assassinatos
são a catarse da alma
perdida numa vida inferior.
Dia a dia eu coloco
outra camada de pele
sobre meu corpo,
mais uma e mais uma
prevejo e me acautelo.
Tenho apenas a fé
de que a pressão
continue a prevalecer
sobre a temperatura
impedindo o rompimento
das moléculas.
San, 18/04/2015