sábado, 11 de abril de 2015

Corrida longa


As vezes meu coração diz:
- Esta tudo certo! Não fuja!

Se eu ficar certamente escutarei 
o canto precioso que vem da minha alma
quando ela fala comigo.

Mas na maior parte das vezes eu fujo.

Cansa fugir,
cansa correr em dezenas de direções 
estranhas e sem sentido, 
mas eu fujo.

Depois me sinto tão perdida,
esvaziada, desorientada, negligente,
aborrecida comigo mesma,
que preciso me sentar sozinha
e lamber minhas feridas.

Geralmente fico doente,
doente de raiva de mim mesma,
doente por não estar disponível 
para o que gosto ou sou.

Doente por não me aceitar assim
essa coisa enigmática, 
conflitante e interessante,
essa coisa criativa, 
hiper sensível 
e sem pé nem cabeça.

Então novamente 
meu coração me chama 
de mansinho,
para não me assustar.

- Não fuja! Fique!
- Pode ser confortável ser assim!

E se eu olho 
diretamente
na direção da voz
vejo uma luz rodopiando.

Essa luz é feita
de milhares de partes de estrelas,
nuvens, flores, pássaros, folhas,
raios, gotas de chuva, 
que se juntam.

Essa luz contém
a minha própria voz
e todas as vozes do mundo.

Então eu fujo!



San, 11/04/2015