As vezes meu coração diz:
- Esta tudo certo! Não fuja!
Se eu ficar certamente escutarei
o canto precioso que vem da minha alma
quando ela fala comigo.
Mas na maior parte das vezes eu fujo.
Cansa fugir,
cansa correr em dezenas de direções
estranhas e sem sentido,
mas eu fujo.
Depois me sinto tão perdida,
esvaziada, desorientada, negligente,
aborrecida comigo mesma,
que preciso me sentar sozinha
e lamber minhas feridas.
Geralmente fico doente,
doente de raiva de mim mesma,
doente por não estar disponível
para o que gosto ou sou.
Doente por não me aceitar assim
essa coisa enigmática,
conflitante e interessante,
essa coisa criativa,
hiper sensível
hiper sensível
e sem pé nem cabeça.
Então novamente
meu coração me chama
de mansinho,
para não me assustar.
- Não fuja! Fique!
- Pode ser confortável ser assim!
E se eu olho
diretamente
na direção da voz
vejo uma luz rodopiando.
Essa luz é feita
de milhares de partes de estrelas,
nuvens, flores, pássaros, folhas,
raios, gotas de chuva,
que se juntam.
Essa luz contém
a minha própria voz
e todas as vozes do mundo.
Então eu fujo!
San, 11/04/2015