As coisas que não vejo
sobre mim mesma
me destabilizam.
Fantasmas famintos
ora me arrastam sobe o gelo
em outras sobre brasas.
Me debato
tentando me livrar
desses inimigos ocultos.
Não consigo!
Já houve um tempo
em que eles falavam comigo,
frases longas com sentido.
Hoje existe apenas o silêncio tenso
quebrado por grunhidos
e suspiros de exasperação.
Nada mais!
Até mesmo os demônios enjoam
da cegueira existencial,
da pobreza da rejeição.
Qualquer tarefa
sem a devida recompensa
cansa.
Agora entendo,
sou uma invasora
no espaço desse corpo,
uma penetra nessa existência.
As coisas que não vejo
são a real natureza
sobre mim mesma.
San, 19/04/2015