Estamos no escuro
mas dentro de nós carregamos
uma lampada, uma chama, um farol,
a percepção de onde deveríamos estar
e o que precisamos fazer.
Infelizmente
vivemos para fora,
não em nós,
vivemos para os outros,
não por nós,
mas nosso Ser tem recursos
estranhos ou dolorosos
que nos fazem retornar
a esse ponto de sabedoria.
Muitos perdem tudo
para não se ocupar
com as coisas do mundo,
muitos nascem aleijados
para não se iludir
com fama, poder, adulação,
a pobreza visita a casa
daqueles que tem que superar
a ferramenta do dinheiro
e Ser por si mesmo.
Eu adoeço.
A mente que se ocupa
com que fazer, o que criar,
o que aprender, como ensinar,
o que mostrar e demonstrar,
de repente é açoitada pela dor
e se cala.
Finalmente calada a mente,
sem lugar para onde ir,
sem motivos para se ocupar,
eu tenho que acender
a lampada do coração
a procura de mim mesma.
Eu adoeço para me encontrar.
E quanto mais grave a doença
maior o nível de entrega,
maior o nível de aceitação
aquela parte que não sofre,
não precisa de nada do mundo,
não nasce e nem morre,
a unica parte que podemos carregar
no mundo sem tempo,
impalpável, indefinido,
para adentrar no TODO.
Alguns como eu
precisam abandonar
a identificação com a mente,
as bagagens vivenciais,
percepções mundanas,
identidade, ego,
para conseguir fazer
sua viagem
rumo a autenticidade.
San, 14/09/2015