segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Adoecer


Estamos no escuro
mas dentro de nós carregamos
uma lampada, uma chama, um farol,
a percepção de onde deveríamos estar
e o que precisamos fazer.

Infelizmente
vivemos para fora,
não em nós,
vivemos para os outros,
não por nós,
mas nosso Ser tem recursos
estranhos ou dolorosos
que nos fazem retornar
a esse ponto de sabedoria.

Muitos perdem tudo
para não se ocupar 
com as coisas do mundo,
muitos nascem aleijados
para não se iludir 
com fama, poder, adulação,
a pobreza visita a casa 
daqueles que tem que superar
a ferramenta do dinheiro
e Ser por si mesmo.

Eu adoeço.

A mente que se ocupa
com que fazer, o que criar,
o que aprender, como ensinar,
o que mostrar e demonstrar,
de repente é açoitada pela dor
e se cala.

Finalmente calada a mente,
sem lugar para onde ir,
sem motivos para se ocupar,
eu tenho que acender 
a lampada do coração
a procura de mim mesma.

Eu adoeço para me encontrar.

E quanto mais grave a doença
maior o nível de entrega,
maior o nível de aceitação
aquela parte que não sofre,
não precisa de nada do mundo,
não nasce e nem morre,
a unica parte que podemos carregar
no mundo sem tempo,
impalpável, indefinido,
para adentrar no TODO.

Alguns como eu
 precisam abandonar
a identificação com a mente,
as bagagens vivenciais,
percepções mundanas,
identidade, ego, 
para conseguir fazer
sua viagem 
rumo a autenticidade.



San, 14/09/2015