quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Não era doce e se acabou


Tem amores que começam bem
e vão perdendo o sabor, a textura,
a vontade de querer mais
com o passar do tempo.

É uma coisa comum
afinal não há como fugir da entropia,
caminhamos para o final,
o fim do corredor,
o fim do beijo,
o fim do orgasmo,
o fim dos olhos nos olhos.

Então nos conformamos,
guardamos pequenas lembranças
e grandes saudades
de um tempo que achavamos
"era eterno".

Esses amores bondosos no inicio
e insipientes no final
não nos roubam a vontade
de um novo frio na barriga,
pernas bambas,
mente vazia,
labios quentes.

Mas tem o amor nebuloso,
rispido, maldoso, invertido,
aquele que desde os primeiros ois
nos deixam sedentes e famintos,
exaustos e desorientados,
inseguros, maltrapilhos.

É um amor que nunca sera doce,
que nunca tera ritmo,
chão, base, preceitos,
que é desorientador
e desestruturador,
faz a alma clamar solidão,
e o corpo se ressentir
dos desejos.

Não sei porque acabamos
nos envolvendo com um amor assim,
um amor "não-amor",
"não-isso", "não-aquilo", "não-você",
que faz doer pontos do corpo
que nem conheciamos.

Esse tipo de amor
desconstroi a força da troca,
parceria, solidariedade, mutualismo,
quebra nossa vontade "do outro",
decepa nossa alegria.

Se nos primeiros momentos
tivessemos a clareza
dos ultimos,
se nos primeiros beijos
tivessos o antidoto
dos maus amores,
teriamos sim um coração feliz,
despreocupado,
nunca contundido.

San, 12/02/13