terça-feira, 22 de setembro de 2009

PORFIA



Aquilo-que-Sou e Aquilo-que-Fui
se encontram
todos os dias de tarde
para beber, contar piadas,
relembrar algo,
juntas lerem poesias.

E ali eu posso apenas 

ficar observando
essas duas figuras,
estranhas conhecidas,
odiosas,
enigmáticas criaturas.

E com um sensação
tão clara de abandono,
me parece que Todavida se foi agora.

Pelo jeito Todavida resolveu viajar,
a algum lugar tão fantástico e especial
que eu não me adaptaria.

Aquilo-que-sou
hoje esta terrivelmente evasiva,
se cantando invencível,
rindo e debochando
de qualquer pedra do caminho.

Aquilo-que-fui
sempre introspectiva,
alerta, clama cuidado,
“ todo mundo tropeça,
mesmo um gigante cai!”

E daí eu sinto sono,
muito tarde fui dormir,
e neste relento me deito,
para nunca mais existir.



San, 13/05/05