Aquilo-que-Sou e Aquilo-que-Fui
se encontram todos os dias de tarde
para beber, contar piadas,
relembrar algo,
juntas lerem poesias.
E ali eu posso apenas
ficar observando
essas duas figuras,
estranhas conhecidas,
odiosas,
enigmáticas criaturas.
E com um sensação
tão clara de abandono,
me parece que Todavida se foi agora.
Pelo jeito Todavida resolveu viajar,
a algum lugar tão fantástico e especial
que eu não me adaptaria.
Aquilo-que-sou
hoje esta terrivelmente evasiva,
se cantando invencível,
rindo e debochando
de qualquer pedra do caminho.
Aquilo-que-fui
sempre introspectiva,
alerta, clama cuidado,
“ todo mundo tropeça,
mesmo um gigante cai!”
E daí eu sinto sono,
muito tarde fui dormir,
e neste relento me deito,
para nunca mais existir.
San, 13/05/05