Eu me crio
e recrio a cada dia,
apago minhas marcas,
reconto meu surgimento,
me transformo
num Deus
necessário
e a mim mesma adoro.
Então algo irrompe
em meu peito,
e nego minha própria origem,
mergulho nas perguntas,
corrompo minha fé,
e triste caminho a procura
do Deus que tanto amei.
E o encontro ali,
sentado no meu banco preferido,
lendo minha agenda-testamento,
e assim conversamos amigavelmente
novamente o abraço,
já não mais um Deus,
mas um amigo.
O levo a descansar,
dormimos juntos,
acordamos novamente único,
e surgem novos mitos.
San, 14/12/2004