Deitar raízes,
formar texturas,
tenazes,
envergar para tocar
o solo úmido,
quebrar
para o sol entrar
no amago.
Parar, correr, girar,
estar em movimento,
mesmo no mais absoluto
silencio,
mesmo na mais aparente
imobilidade.
Rasgar os tons,
semitons,
a importância
que prende ao concreto,
a via unica,
sem permuta.
Será isso destruição ?
Será isso desprendimento ?
Ou sera cansaço existencial,
do banal, usual,
suicídio emocional ?
Crescer raízes
e se descobrir pedra,
formar camadas
e se ver rio,
ter textura
e ser o vento,
ter diâmetro
e ser o universo.
Crescer é não ser entendível,
esperável, concebível,
manipulável.
Crescer não é ter,
não é saber,
não é querer,
é o simples ato
de se permitir
realmente existir.
A dor faz crescer ?
Ou sera o amor ?
Ou a compreensão ?
O tudo, todos,
ou sera apenas se transformar
em multidão ?
Crescer é a mais absurda
e absoluta
experiência de viver,
crescer é ir voltando,
é ser perdendo,
é ter doando.
San, 03/10/94