Mínimas coisas me tiram do sério,
todos os dias eu tropeço no insignificante,
e isso acontece porque estou constantemente
num movimento delirante de fuga
para não enfrentar as coisas grandes.
A muito tempo minha vida está paralisada
esperando uma resposta séria,
uma postura, uma atitude,
um envolvimento, um pacto,
desejo urgente e sincero.
Mas dia a dia eu puxo a coberta
sobre minha cabeça
e peço apenas mais 10 minutinhos
sem no entanto colocar o relógio para despertar,
esse é o retrato dos últimos 30 anos.
E se não foi fácil reconhecer
minha incapacidade
pior ainda me determinar resolve-la,
de manhã faço promessas ao acordar
e as esvazio antes do anoitecer.
Meu emocional é uma casa atulhada
com coisas velhas, rasgadas e sujas
muitas nem realmente são minhas
mas todas me impedem de ir em frente.
Preciso fazer uma intervenção cirúrgica
separando o que fica e é realmente vital
daquilo que é apenas uma trava,
uma porcaria ocupando um espaço.
Mas dai saio para passear no shopping
apesar de saber que ficarei mais triste,
fujo da minha própria companhia,
apenas para fingir de novo
que tudo pode dar certo.
San, 04/07/2015