sábado, 8 de fevereiro de 2014

Atrás de todas as portas


O que irei fazer com você Verdade?

Onde coloco toda a vida,
toda a vida detalhada 
e esmiuçada em invenções,
e malabarismos mentais?

Toda vida vivida 
com as mãos para trás
torcendo os dedos,
apertando o punho,
segurando a faca,
atada em mim mesma.

Mentir foi viver
mais do que fantasia,
opção,
espaço,
ambientação,
poder,
inserção,
escolha,
oportunidade.

O que faço agora com você Verdade?

Está carregada de sujeira,
raiva, medo, despreparo,
violência,
 dia após dia.

Não te conheço,
não me conheço.

Será preciso rasgar meu corpo
mais uma vez?

Abri-lo de ponta a ponta,
dar fuga ao refugo,
escoar toda maldição
o veneno do não dito,
sentido,
esperado,
temido?


Onde lhe colocarei verdade?


San, 01/02/14