domingo, 9 de fevereiro de 2014

A vida exumada



Estou tão cansada de viver nos preâmbulos,
chegar ao final e encontrar exatamente o início.

Estou cansada da tortura da incorreção,
da certeza da indefinição.

Cansada de ser sacudida pela ansiedade,
puxada pela incoerência.

E ai alguém me diz: 
- Desça dessa corda bamba!
- Ponha seus pés no chão!

Como farei isso cidadão?

Eu não sou o corpo que se estende acima.

Eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda.

O mundo é o vento,
suas crenças e palavras e atitudes
são pés que me atravessam,
sacodem,
estimulam,
machucam,
deixam marcas.

Eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda,
eu sou a corda.

Me largue aquele que me segura,
desate o nó que sustenta minha loucura.


San, 09/01/2014