quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Relevante


Meu ponto G esta na centésima página
de um livro de 400 folhas,
quando de repente
tudo começa realmente
a fazer sentido,
e eu consigo me antecipar
ao que esta acontecendo,
então todas as outras sensações,
ou desejos,
 ou necessidades,
ou pensamentos,
desaparecem
e eu estou ali,
completamente ali,
satisfeita e direcionada,
mesmo ainda dentro 
do desfigurado 
mundo real.

Essa sensação
dura muitos mais 
do que meus orgasmos
que costumeiramente
são breves e indelicados
como um espirro.

Sim, eu catalogo os prazeres
pelo nível de duração e intensidade.

Entre os primeiros esta algo como
uma pizza de mussarela quentinha,
de bordas grossas,
com bastante tomate fatiado por cima
e pedacinhos de alho,
num dia de muita privação.

Lá pelo final esta o beijo na boca,
principalmente se fui pega de surpresa,
abraços também não são agradáveis para mim,
assim como alguém me oferecer colo,
ou aquela mania de se cumprimentar
com beijinhos no rosto.

Também próximo ao topo
é estar simplesmente sentada
ao lado de alguém que gosto,
assistindo um filme
que quero muito,
ambos em silêncio,
apenas trocando sorrisos
nos momentos mais emocionantes.

Compartilhar poesias,
trocar livros,
ganhar sabonete líquido,
olhar um quadro
e dividir as sensações,
deitar juntos na rede,
meditar lado a lado,
andar com os cachorros
num parque,
tudo isso é extremamente 
prazeroso
para mim,
assim como poder dar algo,
algum presente,
alguma ajuda,
uma palavra boa,
a alguém que precisa muito,
isso está no TOP 10.

Meu ponto G 
não é algo imaginário,
imponderável,
duvidoso,
é factual,
concreto,
relevante.




San, 22/10/2015