Eu alimento o lobo que me devora
eu crio a ansiedade que me assusta
eu invisto no medo que me paralisa
eu mantenho a ganancia que me limita
e a ignorância que me desequilibra
Eu sou o estranho dentro do armário
eu sou o monstro embaixo da cama
eu sou a cabeça flutuante
que me assombra no escuro
e a grande mão que aperta a garganta
até o ar não passar
Por onde vou
deixo pegadas ensanguentadas
onde toco deixo minha feia marca
e então de repente explodo em luz
que cura, conforta, acalenta
e sou agora a nascente
a chuva esperada
a própria semente
O nada, o tudo, o certo, o errado,
crescendo para todos os lados,
o perto, o longe, o temido, o esperado,
tudo ao mesmo tempo
sempre junto
e misturado.
San, 20/10/2015