domingo, 2 de agosto de 2015

Intolerância a normose


Eu não sei por que
estou sempre errada,
nas minhas escolhas,
no meu caminho,
nas minhas ideias,
na minha forma
de agir, vestir, falar, 
cantar, dançar, respirar.

Não sei dizer 
quando isso começou.

Quando nasci?
Ainda na minha mãe?

Eu não sei por que
tenho que pedir desculpas,
tenho que carregar a culpa,
tenho que sentir medo,
tenho que ficar quieta,
atada, medicada, ignorada,
sentada no escuro.

Não sei dizer
quem mandou
ser assim.

Eu não sei por que 
estou sempre errada
somente eu
sendo que ninguém sabe
o que fazer, para onde ir,
o que sentir, como viver,
é o abuso do absurdo
ser julgada por quem 
também é réu.

Então vou riscar essas placas, 
mijar em todas as portas,
cuspir nas vidraças,
vou levar meu uivo,
meu destempero, 
meu nu frontal,
para a praça publica
para que todos possam 
inocular a loucura.



San, 01/08/2015