domingo, 30 de agosto de 2015

Breve sopro


O amor romântico é muito prazeroso, 
mas assim como os bonecos de neve
quando chega o calor das encrencas do dia a dia
ele começa a se desintegrar.

E pronto, perde a forma da ternura,
desaparece a paciência,
começa a intransigência,
a cobrança, o bate boca,
a acusação, o choro, o encosto,
se vai pelos ares o respeito,
vaporiza aquela parceria,
morre a alma gêmea,
fica só o mau gênio,
a sensação do engano.

Porque tiramos os óculos coloridos,
aquele que colocamos para ver nosso cenário de sonhos,
o mundo perfeito que na mente construímos,
mas realmente não existe.

Um dia acabamos enxergando o outro,
como é, como quer ser, como sempre foi,
que choque tem a criatura 
ao ver que não é também o criador,
não pode moldar do barro ou da neve
o ser perfeito que idealiza.

O amor romântico é lindo
desde de que se respeite o calendário,
e não se peça mais do que pode
existir de um breve sopro.



San, 30/08/2015