Eu não sei a hora de parar,
eu nunca soube,
talvez seja genético.
Aí aquilo que era proteção
vira controle,
o que era romantismo
vira carência,
o que era interesse
vira obsessão.
Eu não paro no primeiro prato,
eu não paro no primeiro beijo,
eu não paro na primeira duvida,
eu não paro no primeiro livro,
eu não paro na primeira confidencia
e nem na primeira critica
eu não paro.
Parece que tem que saturar,
enjoar, perder o sentido,
dar raiva, desgosto
vontade de chutar tudo,
parece que tenho
que perder o rumo
de novo, e de novo, e de novo.
Não tento entender, consertar, observar, curar,
apenas fujo daquilo que estou sentindo,
apenas fujo daquilo que estou sentindo,
de tudo aquilo que criei.
Pego uma carona
com um desconhecido,
rasgo o ticket que queria tanto,
apago todos e-mails,
jogo fora as roupas,
tiro seu nome da minha lista.
Eu não sei a hora de parar,
e quando tento já é tarde demais,
derrapo feio na curva,
bato meu corpo
no muro de proteção,
sou atingida em cheio,
me despedaço e sofro.
Entro na escuridão,
preciso de um tempo,
ouço musicas que caem
pelo buraco do meu coração.
Eu não sei a hora de parar,
mas eu não sei nem
quando comecei a correr,
não sei por que,
não sei de que,
eu não sei nada.
San, 10/08/2014