Eu mereço toda dor que puder me dar,
sou filho da estrada longa,
moro no beco sem saída do desejo.
Reduza-me,
me condicione a minha utilidade,
não tenho títulos, trono, qualidades,
sou visível apenas no seu prazer.
Me torne físico,
corte minha carne,
me abra como um livro,
leia minha entrelinhas.
Aceito tudo que puder me dar,
sou órfão de mãe presente,
a muito aprendi
a não perguntar.
San, 23/08/2014