Só vou dormir
quando se espalha o cheiro
do sol secando
o orvalho nas plantas
e todas as coisas
que a noite depositou
sobre nossas vidas
se desvanecem.
Enquanto pessoas
escovam o dente,
esquentam leite,
pegam suas pastas,
chaves do carro,
eu me abraço
ao puído travesseiro de Macela,
me aconchego na penumbra
deitando sobre dezenas de papéis
desenhados, rabiscados, amassados,
e de algumas tantas canetas vazias.
Me afundo sem memórias
deixando os fantasmas
cuidando da casa.
San, 19/11/2014