quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Capturar a vida


De noite mantenho 
meu coração puro,
como um fiel cão 
dormindo ao seu lado,
confiando no seu cuidado,
entregue ao nosso destino.

Eu nasci velha,
você cresceu ao contrário,
e pelas bordas 
dos mundos paralelos
nos víamos entre as fagulhas
espalhadas pelo vento,
seu coração ardia pintando,
e o meu soprava poesia.

Quantas vezes teremos ainda que nascer?

Quanto mais teremos que morrer
para capturar a vida?



San, 04/11/2014