Coração negro,
feito de barro e cristal,
massa socada,
punhos de aço,
essa coisa de vida.
Coração apunhalado,
sangue feito de fome,
rasga trocados no fundo
do bolso,
dorme agarrado no vento.
Assombração,
sombra nos portões,
nas calçadas o resto de sal,
de amor.
Mas vai com a força
desse coração negro
feito de barro
bem socado
essa coisa de vida.
San, 12/03/81