Tenho um bom apetite
por coisas que são vazias de futuro
e carregadas de passado.
Eu me alimento hoje
do seu amor
que a muito acabou.
O sonho de criança
que não tem mais significado.
O pai que desmanchou nos anos,
a mãe que somente me carregou no ventre.
Amo e me apego a todas as coisas
que não servem mais,
que não educam mais,
que não orientam mais,
que não salvam mais.
Então é certo que estou perdida.
E aproveito
que não tenho nenhum futuro,
e nenhum amigo para me impedir
para dançar descalça na rua.
Eu desejo que a vida me arrebate,
me abrace como um amante ciumento,
e me traga para o agora.
Agora,
e somente agora,
eu existo,
mais nada.
San, 25/10/2013