domingo, 13 de agosto de 2017

Residual



A vida é agridoce
 tanto acalenta quanto magoa
 apazígua e incomoda
essa dubiedade constante e perene 
esfarelam diariamente 
minhas frágeis certezas


Até mesmo velhos e seguros prazeres 
estão mudando
trazendo dor e mal estar
não há mais onde se apoiar 
na corda bamba emocional
a segurança se tornou um mito



Não tenho mais a sensação da surpresa
 da descoberta 
meu olhar se mantém baixo
se falo ou não falo não importa mais



Reeditar a vida é como apagar a experiência
 em algum ponto do crescimento
isso ocupa todos os espaços 
e não há mais uma unica linha para outro verso



Percebi
não tenho mais a alegria fugaz
 idiota, auto induzida
agora aquela pessoa não existe mais



Coloquei meus sonhos num leito intangível
 me sinto como a avó observando o neto dormir
ligada e tão distante



Sou a pessoa residual
 os copinhos virados e vazios 
do banquete de uma vida-festa
apenas observo o que já existiu.


San, 17/07/2017