sábado, 28 de junho de 2014
Até a próxima curva 1
Tenho carregado meu amor para onde vou,
lugares arejados, amplos, verdes, limpos, ensolarados,
sujos, escuros, cinzas, gelados, diminutos, atulhados.
As vezes estou entre centenas de pessoas,
vozes, risadas, danças, musicas, movimentos,
em outras posso andar quilômetros sem viva alma.
Mas em todos os lugares, em todos os momentos,
de todas as formas, em todas as situações
não sinto que meu amor pertence a aqueles lugares.
Tenho carregado meu amor para vernissagens,
óperas, teatro amador, semana cultural, sarau de poesia,
dança de rua, feira de antiguidades, palestras filosóficas,
até mesmo inauguração de hospitais.
Está ficando pesado,
carregar tanto amor
para nada e ninguém.
Mas continuo caminhando,
caminhando e desejando,
desejando e sonhando,
sonhando e me frustrando,
Acordo animada e decidida,
a tarde já me sinto oprimida
dividida entre continuar a jornada
ou parar no próximo ponto.
De noite esqueço todas as ilusões
e me entrego apenas as necessidades,
banalidades, leves tolices,
sem pesos, sem medidas, sem caminhos,
somente flutuando no aqui e agora.
San, 28/06/2014