Tente me curar
dessa chaga viva,
o meu coração despedaçado
não tem conserto não,
esse defeito é que gera
essa dor no peito.
Vontade de viver,
ser livre,
ser feliz,
mas o mundo
a me impedir,
e o mundo
é bem maior do que eu.
Por que tenho
que ficar assim,
aqui,
esperando
decisões alheias,
vazias?
Sonhos
já se perderam
nas dores do parto,
transformações,
adulto sem emoções.
É tão tristonho
não poder correr sem destino,
menino,
lindo,
puro,
cadeias,
incompreensões.
Tente me achar
um remédio doce e certo,
melhor do que essa minha loucura,
efeitos
dessa alma envergada,
que nada
sempre contra a correnteza.
Me cure,
espante essa tristeza,
frieza,
desamor,
me cure,
solidão crônica.
Mas por favor
não me prenda,
não me torture,
não me obrigue
a me afastar de mim.
E se então
não puder me amar
desse jeito,
me deixe
ser imperfeito,
me deixe
com essa doença,
me deixe
morrer sozinho.
San, 03/06/1981