Você falava quadrado
e nós rolávamos redondos,
alegres,
pelos barrancos.
Você falava adulto
e nós corríamos crianças
pelas campinas perdidas.
Você gritava bem alto
e nós riamos baixinho
sem entender tamanha filosofia
descabida.
E nós viramos de lado,
você se perdeu pelo mundo
e ficou esquecido.
Você tomou outros rumos
e nós ficamos parados
curtindo o doce da vida,
e crescemos nas mesmas badernas.
Mas hoje eu falo quadrado,
adulto, grito, reclamo e filosofo,
e você ri bonito, criança, alegre, redondo,
você escondido
nas minhas lembranças.
San, 1981