segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vácuo


Retire meu nome,
minhas roupas,
minhas lembranças,
meus números,
meus títulos.

Retire meus livros,
agendas,
celular,
técnicas,
crenças,
amigos.

Retire meus hábitos,
verdades e mentiras,
horários,
prazeres,
minha atrapalhação,
meus pontos cegos.

Retire minha família,
minhas dores,
minhas conquistas,
meus obstáculos,
minha meditação diária.

Sobrou o vácuo,
criador da verdadeira
natureza.

Existe um ponto 
em que não sou nada.

Não tenho expectativas
para falar da minha sorte,
não tenho mente
para temer a minha morte,
não tenho desejos
para elaborar meu futuro.

Não existe luz ou sombra,
não existe parecer ou ter,
adquirir ou persistir,
ser ou não ser,
apenas ali, aqui, 
em todo lugar,
finalmente o vácuo.


San, 03/12/2012