O movimento se estanca,
antiga dança do cotidiano,
o cheiro enlaça a alma
e por alguns segundos
projetada sou a outra parte do mundo.
Cachorros latem,
crianças rindo correm,
bicicletas encontram espaço
entre velhos carros absoletos,
alguem coa um chá
ali mesmo na rua empoeirada.
O cheiro se espalha,
canela, cominho, aniz estrela, cravo, rosa,
leite fervido coado em pano,
pão amanhecido
molhado na água com mel
e requentado na chapa.
Estou novamente
em outra parte do mundo
e me pergunto agora
porque tanto tempo
me protegi da dor,
me protegi da vergonha,
me protegi de aceitar
que ainda pertenço
a algo muito antigo.
San, 25/12/2012