sábado, 18 de junho de 2011

Concordância nominal


És uma vagabunda!

E merece saber 
que me quedo ao seu valor.

São poucos os que reconhecem
quanto são necessárias 
as vagabundas
em nossa sociedade.

Alguém que mereça
nossa língua ferina 
e insaciável.

Lava pura,
queimando outros
no inferno que idealizamos.

As vagabundas,
objetos da arte profana
que buscamos
na nossa ânsia de morder,
erguer, soltar, destrinchar.

Todas as coisas
que os lobos selvagens
bem fazem.

Alvos escarlates
que dançam a nossa frente,
abusadamente presentes,
plenamente vivas.

És uma vagabunda !

Nunca sera esquecida
na sua desdita,
em milhares de anos
seu nome ainda será pronunciado

Pouco lembradas as santas,
desapercebidas as justas,
esquecidas as boas,
ignoradas as certas.

És imortal.

Na sua indecência carrega
nosso DNA original.


San, 13/05/11