sábado, 26 de janeiro de 2013

BIRD


Enquanto eu saltava,
semi-livre,
semi-aprisionada,
meus olhos não estavam
no aqui e agora,
bela casa, pequena natureza,
proteção, comida farta.

Você estava comigo,
mas eu não estava com você.

Não por julga-la perigosa,
estranha, desumana -
palavra essa bem equivocada,
pois o que não é humano
não é necessáriamente mal,
sem valor, sem função.

Dentro de mim
sempre persistiu
aquilo para o qual nasci,
estando ou não
na situação.

Viver na imensidão,
voar em bandos,
sentir o nascer do por do sol
de lugares diferentes,
trabalhar pelo próprio sustento,
lutar por ele em diversos momento.

Colher a vida da própria vida
e não de uma caixa de supermercado
ou lojas que pretensamente
tem tudo que os mais
"diversos" especimes
de "animais" precisam.

Outra palavra
que me estranha,
animais somos todos nós
e não somente aqueles
com configurações fisicas
e geneticas diferentes.

Na dança dos cromossomos
somente vocês humanos,
tiveram o direito
de ser algo mais?

Você me comprou,
tratou, amou,
mas eu nunca realmente
estive com você.

Não compreendo
a necessidade humana
de ter a vida para a vida ter,
eu sempre tive tudo em mim,
nunca me afastei
da minha própria natureza,
apenas sou.

Não se sinta triste,
acuada pela lembrança,
o acaso me levou
até o começo real
da minha estrada,
era esse o lugar
da minha existência.


San, 23/01/2013
Dedicado a Marta