Eu tenho meus textos apócrifos
meus sentimentos perversos
e estranhos
que não levo nem a terapeuta
pois isso é coisa de confissão
de culpa
que não tem perdão
Fico olhando ao longe
quando minhas estranhices passam
desfilando seus mulambos sensoriais
ignoro, faço que não conheço,
vou até a cozinha e me entupo de pão
para passar a dor do auto engano
Não quero terapizar elas
de jeito nenhum quero
pois seria preciso ir as origens
encontrar o trágico elo
da maldade construída
e constituída
e não quero
Eu quero a absurda calma
do ignorar
mesmo que um dia
seja prontamente sufocada
pelas águas paradas
San, 23/10/2019