domingo, 3 de junho de 2018

Porque eu quero



Que fatalidade não ser mais carregada
pelo desejos dos outros

Que fatalidade! 
Que coisa disfuncional!

Acordar e sair sem nem olhar no espelho
esteja como estiver o cabelo

Que fatalidade!
Que coisa feia de se fazer!

Usar uma blusa que marca e reforça
a visão de que agora tenho somente um seio

Que fatalidade!
Que coisa absurda!

Usar roupas antigas e velhas
calçados feios apesar de muito confortáveis

Que fatalidade!
Que coisa desproporcional!

E apesar da idade e de todas as precariedades
andar leve, consciente, sorridente, de cabeça erguida

Que fatalidade!
Que coisa imoral!



San, 03/06/2018