terça-feira, 21 de outubro de 2014

Boca costurada, coração aberto


Quando era criança
diziam que eu falava demais,
perguntava demais,
incomodava demais
com minha curiosidade. 

Fique quieta!


Ouvia de tanta gente adulta,
as vezes ate mesmo
das outras crianças.


Um dia minha mãe me disse

que tinha vontade
de costurar minha boca.


De noite

um grande silêncio
caiu sobre mim
e foi nesse dia
que eu comecei
a fazer poesia.


Não tem como costurar

a boca da poesia,
não tem como realmente
calar os poetas.




San, 21/02/1982