sábado, 10 de setembro de 2011

Valsa livre




Sua forma surge
dançando em meio 
ao turbilhão das emoções.

E me vejo novamente criança
e somente como criança
posso amar você.

Perdoa essa velha descrente,
essa mente cimentada na lógica.

Me encante,
dance outra vez.


San, 02/10/2011

Aos domingos




Trarei um cálido sorriso de aceitação,
tocarei seu corpo como da primeira vez,
e todas luzes se acenderão.

Novamente sera nosso domingo
ininterrupto amor se descobrindo,
mais do que desejo
a espera do seu beijo
é a aceitação.

Finalmente ter um corpo santo
que me permite ser humano,
em você eu busco o vestígio
de ser Adão.



San, 10/09/11

ARUANDA


Nego Véio tá falando,
dá conta de escuta,
porque quando Nego fala
tem coisa pra apreciar.

Nego Véio não é bobo
entende de amarração,
patuábanhos de ervas,
pomadas, forte oração.

E quando o Nego chega,
sempre vindo de mansinho,
o piteiro se acende,
e eu juro que é sozinho.

Das pousadas do seu corpo,
de tudo quanto que é vida,
Nego aprendeu sozinho
o preço da sua lida.

Sem medo Nego sorri
pois tudo que recebeu
agora passa para os filhos,
até os que nem nasceu.

E na hora da despedida
Nego canta sua canção,
da estrada bonita,
de Senhora da Conceição.



San, 10/09/11

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Então me calo



São mãos poderosas,
redatores de conceitos,
criam ondas concêntricas
que empurram o cotidiano.

Salvam, matam, curam,
abrem gaiolas,
apertam o torniquete,
um burburinho
de fonemas néscios,
silabas improprias,
dentes se arranhando.

Me calo,
não tenho língua
músculopalato,
paladar agridoce,
vontade de morder a carne.

Me calo
a palavra é musica
e quero um doce exalo
não um urro,
uma unha quebrando
numa carne dura.

Quero a boca pura,
calada,
meticulosa
quieta.


San, 01/10/11