Dormi na incoerência
e acordei no coração do mundo
segurando uma pá e uma forquilha
me perguntando quem determinou
o que eu precisava fazer
Não desejo as escolhas do mundo
mesmo as maravilhosas e inovadoras
quero escolher aquilo que me agrada
quero escolher aquilo que me cabe
quero tomar aquilo
que sempre foi
meu
Não vou arar seus campos
nem plantar as flores que lhe agradam
mas sim jogar sementes
de vegetais agrestes e amargos
que doem na boca ao comer
e alegram o corpo ao sair
Sou assim alguém esquecida
que tomada pelo seu próprio furor
se manteve livre do pavor
de lhe agradar a todo momento
chame isso de anarquia
o que se revelou valentia
de viver apenas
do espirito
San, 26.10.2025